O Sindicato dos Artistas do Rio (Sated-RJ) manifestou preocupação com a escalação da cantora Ana Castela para a novela “Coração Acelerado”, próxima produção das 19h da TV Globo. A questão foi levantada nesta terça-feira (26) após a artista anunciar aos fãs sua estreia como atriz na emissora. O presidente da entidade, Hugo Gross, afirmou que a prática de contratar pessoas sem registro profissional de ator prejudica os profissionais da área.
Em entrevista à coluna Fábia Oliveira, Gross expressou seu descontentamento com a situação. “A gente sempre recebe esse tipo de denúncia e a instituição fica ‘boquiaberta’ com o tamanho do desrespeito que uma emissora tão grande faz em relação aos artistas, né?”, declarou.
O presidente do Sated-RJ citou casos anteriores semelhantes envolvendo outras celebridades. “A gente tem que tá sempre ligado porque, por exemplo, teve uma participação há pouco tempo do Alok, muito gente boa, do Hugo Gloss também… ambos são influentes, mas não são atores. A gente descobriu isso quando já estavam indo gravar ou praticamente já haviam gravado. Então, é uma falta de respeito isso que eles estão fazendo”, afirmou.
Segundo Gross, além do cachê pela atuação, os influenciadores recebem contratos adicionais para divulgação. “Soube ainda mais… que os influencers, além de ganhar um cachê pra uma participação volumoso, ainda ganham um outro contrato pra poder divulgar nas plataformas deles, nas redes sociais deles. Então, é mais uma maneira que tem de realmente deixar de dar trabalho a quem tem um registro profissional, o próprio ator antigo, né? Que não tem uma rede social tão ampla, mas é um excelente artista, atores, atrizes… mas o Sated está de olho e a gente não vai dar mole”, explicou.
O papel que Ana Castela desempenhará na novela “Coração Acelerado” ainda não foi divulgado. Também não há informações sobre possíveis medidas da emissora diante das críticas do Sindicato.
Hugo Gross indicou que a entidade poderá recorrer a ações legais caso a prática continue. “A TV Globo, infelizmente, tem um nicho de pessoas que se acham acima do bem e do mal, o próprio jurídico deve ser assim… Pensar que pode fazer o que bem quer e o que bem não quer. A gente ainda tem uma lei que nos respalda e isso vai ser cumprido, nem que pra isso a gente leve milhões de pessoas pra dentro da emissora, pra porta da emissora, pra defender o trabalhador da arte que está sempre pisado, mitigado, porque está sem emprego”, disse.
Na entrevista, o presidente também mencionou um episódio recente envolvendo a família de um ator consagrado. “Agora há pouco tempo, semana passada, faleceu o filho de um astro, o Grande Otelo. Ninguém se prontificou, a emissora não deu uma nota, não quis nem saber, nem perguntou alguém estava precisando de ajuda… a família, os irmãos… eles não estão nem aí”, relatou.
Gross ressaltou que sua crítica não é direcionada pessoalmente à cantora. “O sindicato defende o trabalhador da arte, defende o registro profissional, a obrigatoriedade dele. Não temos problema nenhum com a cantora [Ana Castela]. Eu, Hugo, simpatizo por ela, é uma pessoa boa, mas uma coisa não tem nada a ver com a outra. Nós estamos aqui de olhos abertos pra poder entrar com ações. Eu acho que a melhor coisa é sempre um bom diálogo, mas infelizmente eu venho notando que a emissora está sempre fugindo e burlando a lei do artista”, concluiu.
